O abandono de lar é uma questão que preocupa muitos casais que estão passando por um divórcio, é um tema complicado no direito de família. Se um cônjuge deixa o lar, é comum temer que isso leve à perda de direitos sobre os bens do casal. Essa preocupação é alimentada pelo mito de que sair de casa é sinônimo de abandono de lar.
O abandono de lar, também conhecido como abandono de família, é uma ferida profunda que marca a história da humanidade há séculos. Antigamente, essa prática era ainda mais comum e, para combatê-la, leis foram criadas com o objetivo de punir quem abandonava seus familiares.
Mas, será que sair de casa devido é abandono de lar, mesmo que a convivência não sendo mais possível com o cônjuge ? Não, não é!
O QUE É REALMENTE É UM ABANDONO DE LAR?
Inicialmente é importante entender que o abandono de lar não implica na perda automática de direitos sobre os bens do casal. A lei reconhece essa diferença, e, para evitar mal-entendidos, é essencial buscar orientação jurídica, como você está fazendo agora, lendo esse artigo que preparei cuidadosamente para te ajudar.
Este artigo busca esclarecer o que é o abandono de lar, suas implicações jurídicas e o que fazer para proteger seus direitos.
O QUE É, ENTÃO, O ABANDONO DO LAR?
É quando um cônjuge deixa o lar por mais de 2 (dois) anos, sem justificativa válida e sem intenção de voltar.
Simples, não!? Não! Pois tenho certeza de que você ainda tem dúvidas, principalmente sobre a partilha de bens.
O QUE A PESSOA PERDE CASO ABANDONE O LAR?
A pessoa que abandona o lar somente perde o direito de um único imóvel que tenha até 250m², caso o cônjuge que ficou continue morando no imóvel.
Considere a seguinte situação: Maria e João estavam casados, mas a convivência entre eles ficou insuportável. João decidiu sair de casa e arranjou outro lugar para morar. Maria continuou vivendo no imóvel do casal, uma casa na cidade de 200m². Após dois anos, João ainda não voltou e não apresentou uma justificativa válida para sua ausência. Maria, que permaneceu na casa, pode então pedir na justiça o direito exclusivo sobre esse imóvel. Vale ressaltar que isso se aplica apenas a essa casa. João ainda mantém seus direitos sobre outros bens adquiridos durante o casamento.
Este exemplo mostra que o abandono de lar pode levar à perda de um único imóvel para o cônjuge que sai, mas não afeta outros bens do casal.
QUANTO TEMPO É CONSIDERADO ABANDONO DE LAR?
É considerado abandono de lar quando o cônjuge sai de casa, sem motivo, e fica mais de 2 anos sem a intenção de voltar.
O QUE CARACTERIZA O ABANDONO DE LAR:
O QUE NÃO SE CARACTERIZA O ABANDONO DO LAR:
Meu nome é Suellen Passos, sou advogada com experiência em mais de 2.000 casos resolvidos. Atuo no direito de família, ajudando os casais a se divorciarem de forma justa, evitando a perda de bens e garantindo uma divisão adequada.
COMO PROVAR O ABANDONO DO LAR?
QUAIS SÃO OS DIREITOS DE UMA PESSOA QUE ABANDONA O LAR?
A pessoa que abandona o lar geralmente mantém seus direitos sobre os bens adquiridos durante o casamento ou união estável, a menos que haja um acordo judicial ou acordos pré-nupciais que estipulem o contrário.
O QUE FAZER EM CASO DE ABANDONO DE LAR OU COMO REGISTRAR O ABANDONO DE LAR?
Ao enfrentar o abandono de lar, é fundamental estar bem-informado e preparado para tomar decisões que protejam seus direitos e bem-estar a longo prazo.
O QUE É USUCAPIÃO POR ABANDONO DE LAR?
Você sabia que existe um tipo de usucapião quando há o abandono de lar? Ela é também conhecida como usucapião familiar, que é um tipo específico de usucapião que pode ser aplicado em situações em que um cônjuge abandona o lar conjugal, deixando o outro cônjuge na posse exclusiva do imóvel por um período superior de 2 anos, como explicaremos no decorrer de todo esse artigo.
ABANDONO DE LAR É CRIME?
Não, o abandono de lar pela esposa ou pelo marido, por si só, não é considerado um crime segundo o Código Penal brasileiro. O termo "abandono de lar" está mais relacionado ao direito civil e às consequências legais que afetam o casamento e a propriedade conjugal, como a possibilidade de usucapião familiar, mas não está enquadrado como uma ofensa criminal.
Porém, o abandono de lar com filho menor pode ser relevante em situações de abandono do dever de assistência, que é uma figura criminal no Código Penal brasileiro. O Artigo 244 do Código Penal define como crime o abandono material, que ocorre quando uma pessoa deixa de prover a subsistência do cônjuge, ou filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 anos, sem justa causa, e havendo possibilidade de fazê-lo. Nesse contexto, o abandono material pode levar a penalidades criminais.
QUAIS SÃO AS LEIS APLICÁVEIS?
POR QUE AS PESSOAS TÊM MEDO DO ABANDONO DO LAR?
Esse medo tem raízes históricas, pois no passado o abandono de lar era tratado de maneira que refletia as dinâmicas de poder dentro da família. Tradicionalmente, os homens detinham controle total sobre as decisões familiares, incluindo a possibilidade de abandonar a família sem consequências significativas. As legislações da época ofereciam pouca proteção para mulheres e crianças, deixando-as em situações de grande vulnerabilidade. Além disso, a falta de mecanismos de suporte social significava que muitas vezes as vítimas não tinham recursos ou meios para se sustentar após serem abandonadas.
Por isso, foram criadas leis duras para combater isso naquela época, por exemplo:
Mas hoje, não existe isso mais, mas esse medo ainda persegue muita gente.
Meu nome é Suellen Passos, sou advogada e possuo ampla experiência no direito de família, ajudando os casais a se divorciarem de forma justa, evitando a perda de bens e garantindo uma divisão adequada, principalmente em casos de abandono de lar.